O exorcismo sobre a impunidade e a corrupção
O mês de Janeiro de 2021 ficará marcado, com particular realce, pelos discursos desapaixonados sobre a corrupção que tanto mal fez ao País.
O grupo parlamentar do MPLA lançou a iniciativa sem receios nem temores.
Sob o lema "Combate à Impunidade como Factor Primordial à Boa Governação", os deputados abordaram, frontalmente, pela primeira vez, o assunto nas vestes de representantes eleitos. Do lado da bancada parlamentar do MPLA, os deputados mostram-se abertos, em público, alinhados ao projecto de governo do Presidente João Lourenço, sem titubeios, nem hesitações.
Aliás, presume-se que se pretende consensualizar a ideia de que tudo deve ser muito mais discutido. Mais do que isso, o debate proposto e protagonizado pela bancada parlamentar do MPLA atiçou emoções, desamarrou desejos introspectivos, revelou penitências e esvaziou os argumentos.
Desta vez, olho no olho, os próprios deputados decidiram assumir os erros, separar o trigo do joio, e dispuseram-se a ouvir críticas contundentes.
Os deputados do MPLA reconheceram que o partido falhou, que foi do seio do partido onde alguns militantes agiram na contramão, acaparados por altos cargos. Assumiram que foram camaradas seus que tramaram o país.
O debate no parlamento registou vários momentos. Mas, do meu ponto de vista, o ápice, foi a intervenção do deputado Boavida Neto. Muito citado, nos últimos tempos pela imprensa, como fragilizado e avesso ao combate à corrupção, o ex-secretário-geral do MPLA mostrou elevação.
Comedido, emocionou pela voz, pela serenidade do semblante, pela rectidão de carácter que transpareceu ao assumir o mal severo que deixaram a Angola.
De facto, é por saber que o partido, do qual é parte, errou que assumiu e se propõe a exorcizar-se, incluindo a assumpção do fardo. Mostrou-se abatido com isso, mostrou-se alinhado ao líder do seu partido.
* Docente universitário
(Leia o artigo integral na edição 609 do Expansão, de sexta-feira, dia 29 de Janeiro de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)