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Angola

Joe Biden em Angola: da euforia inicial ao furacão de água fria

VISITA OFICIAL AINDA É POSSÍVEL MAS PARECE MAIS DIFÍCIL DE CONCRETIZAR DEVIDO À PROXIMIDADE DAS ELEIÇÕES AMERICANAS

A viagem de Presidente norte-americano, que estava marcada para o período entre 13 e 15 de Outubro, motivou a desistência da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que também já se preparava para rumar a Luanda para participar numa cimeira dedicada ao Corredor do Lobito.

Luanda ainda estava a ser engalanada para receber Joe Biden, Presidente norte-americano (que deveria aterrar no domingo, 13), quando na terça-feira, 8, um pronunciamento oficial vindo de Washington, capital dos EUA, anunciava o adiamento da visita oficial, que seria a primeira de um presidente norte-americano a Angola. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, também já estava a caminho de Luanda para uma cimeira sobre o Corredor do Lobito. O adiamento desta agenda internacional tornou-se num autêntico furacão de água fria para as expectativas de João Lourenço e de muitos angolanos.

A aproximação entre Angola e os EUA sofreu um percalço evidente, que não parece colocar em causa os passos concretos que foram sendo dados entre as duas partes. Tudo continua a indicar que o maior entrave ao aprofundamento da parceria Angola-EUA chama-se mesmo Donald Trump, embora a perspectiva de um despique contínuo entre os EUA e a China, com Angola no centro das atenções, possa motivar o ex-presidente e actual candidato presidencial pelo Partido Republicano.

Na perspectiva angolana, a entrada em cena dos interesses norte-americanos (e europeus), também é uma carta na manga para pressionar a China a reconfigurar a sua relação com o País, actualmente marcada pela enorme mas cada vez menor dívida externa. Os financiamentos chineses pagos com petróleo representam um autêntico garrote nas apertadas finanças públicas angolanas, ao mesmo tempo que é conhecida a sua indisponibilidade para renegociar novos prazos ou novas formas de pagamento.

Mais do que hostilizar parceiros históricos, a política externa angolana procura reconfigurar estas relações e aproveitar temas como a transição energética e as alterações climáticas para fomentar novas parcerias. Falta perceber se a agenda nacional e as necessidades dos cidadãos angolanos terão alguma relevância nestes relacionamentos ou se o País será, mais uma vez, apenas um palco de disputa entre potências globais.

"O Chefe de Estado americano, o Presidente Joe Biden, visitará Angola em data a anunciar", voltou a garantir João Lourenço na quarta-feira, 9, no início de uma reunião do Comité Central do MPLA.

"Quando acontecer, a visita servirá para consolidar a trajectória de construção de uma parceria estratégica, que ampliará as relações de amizade e cooperação económica entre nossos países, Angola e os Estados Unidos da América", disse João Lourenço, que focou a sua intervenção na economia e nas "oportunidades de negócio para os investidores angolanos e americanos".

João Lourenço sublinhou as supostas vantagens desta estratégia para a economia nacional e defendeu que a aproximação Angola-EUA "vai estimular o surgimento de parcerias, contribuir para o aumento da produção nacional e das exportações, promover o turismo, abrir portas para a entrada no mercado americano e facilitar a inserção da nossa economia na economia mundial".

A discursar enquanto presidente do MPLA, Lourenço reafirmou a realização da cimeira sobre o Corredor do Lobito, com a participação de Joe Biden e dos Chefes de Estado da RDC, Zâmbia, Tanzânia e de outras importantes personalidades, como é o caso de Ursula von der Leyen. Mas sem avançar com datas ou horizontes temporais.

EUA sobe, China desce

Entre 2017 e 2023, cerca de 7.000 milhões USD, de acordo com cálculos do Expansão, foram mobilizados para Angola através de empresas privadas, financiamentos e parcerias com entidades norte-americanas.

Esta re-aproximação, agora fora do sector petrolífero, verifica-se também ao nível do endividamento externo, um mecanismo que tinha sido monopolizado pela China, sobretudo desde 2002, sendo que apenas para a construção de centrais de energia fotovoltaicas (na modalidade de projecto chave-na-mão) foram destinados cerca de 2.000 milhões USD através dos EUA.

Leia o artigo integral na edição 797 do Expansão, de sexta-feira, dia 11 de Outubro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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