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Angola

Hesitações da RDC aceleram ligação ferroviária directa com a Zâmbia

CORREDOR DO LOBITO

A ligação é fundamental para a rentabilização do Corredor do Lobito, deverá estar pronta em cinco anos e conta já com financiamento para a fase inicial. Vai ter de 800 km, 295 km em Angola, ligação Luacamo/ Jimbe, e 505 km em território zambiano, ligação Jimbe/Solwezi/Ndola.

As hesitações por parte da RDC levaram a que projecto ferroviário que liga Angola à Zâmbia fosse acelerado, sendo que a fase de estudos poderá estar concluída ainda este ano, com o início da construção agendada para 2025. As expectativas é que em 2030 a linha possa estar a funcionar, apesar de o memorando do projecto assinado em Agosto deste ano em Nova Iorque, apontar apenas 2031 como data para o início das operações. No entanto, os envolvidos sabem da importância deste troço para operacionalização do corredor do Lobito e a ligação da zona de exploração de minério de Copperbelt ao Atlântico, que funcionará como alternativa à rota Ndola/Lubumbashi/Kolwezi/Luau, via Congo Democrático.

As maiores dificuldades no relacionamento com as autoridades da RDC prendem-se com a rapidez nas decisões e com a existência de um interlocutor único com capacidade de decisão para implementar as medidas aprovadas. Isto resulta do poder excessivo que os governadores provinciais possuem. Por exemplo, durante este processo, que dura há quatro anos, o ministro congolês dos Transportes tem estado quase ausente e só reuniu uma vez com o ministro angolano. Já com o ministro zambiano os encontros são regulares, e ele assume essa condição de interlocutor único em representação do seu país.

Ao que o Expansão apurou, existem também interesses de altas figuras do Estado e das províncias Lualaba e Alto Katanga (por onde passa a linha ferroviária), nas empresas de transporte rodoviário, que têm milhares de camiões e que são hoje os grande beneficiários da logística que leva o minério da região para Ndola e para o porto de Dar es Salam. Por exemplo, o acordo para a institucionalização da Agência de Facilitação de Transporte do Corredor do Lobito continua no parlamento congolês à espera de ratificação. Do lado de lá da fronteira, as coisas continuam a andar devagar, apesar da pressão que tem sido feita pelas instâncias oficiais internacionais sobre o governo daquele país. Já os zambianos estão muitos empenhados em acelerar todo este projecto. Existem velocidades diferentes na implantação do projecto.

Nova linha

O projecto ferroviário Zâmbia- -Lobito (ZLR) foi desenvolvido, sob coordenação da Africa Finance Corporation (AFC), e é uma linha construída de raiz que tem aproximadamente 800 km e vai ligar Luacano em Angola, a Chingola na Zâmbia (ver infografia), encurtando em quase 500 km a ligação ao porto do Lobito. Via RDC são cerca de 2.480 km (actual), com este novo troço serão 1.930 km. Na parte angolana será construído o troço Luacano/posto fronteiriço Jimbe, cerca de 291 km, e na parte zambiana o troço Jimbe/Solwesi/Chingola, com aproximadamente 509 km. O custo total do projecto foi estimado em 5,6 mil milhões USD.

Na proposta financeira apresentada pela AFC ressalta-se, no entanto, que estes custos podem ser até 30% menores, dependendo do envolvimento das partes, das negociações com os proprietários dos terrenos, dos custos finais de EPMC (Engineering, Procurement and Construction Management) e da mitigação do risco do investimento. A mesma refere que o projecto ZLR é economicamente viável, mesmo no cenário mais pessimista e pode fornecer até 860 milhões USD de benefícios económicos para os dois países, ao que se junta o impacto na qualidade do transporte na região, a criação de empregos, protecção do meio ambiente e oportunidades económicas e sociais.

O trajecto final já foi escolhido, havia três em discussão, e optou- -se pelo chamado "corredor central". A interoperabilidade do projecto ZLR é muito importante porque ligará os dois países, através do consórcio LAR e do sistema ferroviário zambiano, nomeadamente no que diz respeito à bitola ferroviária, cargas por eixo e composição das carruagens. O projecto explica que esta linha deverá ter apenas dois tipos de vagões, plataformas para o transporte de mercadorias em contentores e tanques de combustível, uma vez que se prevê que a importação de refinados para a Zâmbia se faça por esta via, ou aproveitando a refinaria do Lobito se esta estiver a funcionar, ou pela importação através do porto do Lobito, contrariamente ao que se faz hoje, cujo abastecimento é feito maioritariamente através de Dar es Salan ou Durban.

A nova linha está a ser projectada para um volume de transporte de carga de 2 milhões de toneladas na fase inicial, com crescimento até 3,2 milhões ton até 2051. Estes volumes são compostos principalmente por concentrados de cobre e as exportações de cobre da Zâmbia, e exportações de petróleo e produtos manufacturados de Angola para a Zâmbia. No transporte de passageiros, fundamentalmente no troço Solwezi/Ndola, prevê- -se um volume de 150 mil/ano na sua abertura, com um crescimento para 500 mil/ano em 2060.

A primeira fase do projecto já arrancou, sendo que em Angola se vai iniciar o processo de desminagem no trajecto entre Luacano e Jimbe, 100 metros para cada lado do centro da futura linha férrea, sendo que foi feita uma doação de 20 milhões USD por entidade americana à ONG The Hello Trust, que juntamente com o Ministério da Defesa e as administrações municipais, serão responsáveis por este trabalho. Na Zâmbia também se vai fazer este trabalho, sendo que no entanto a situação não é tão complexa como no nosso território.

Leia o artigo integral na edição 797 do Expansão, de sexta-feira, dia 11 de Outubro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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