"Estamos a trabalhar para que o processo siga para o tribunal, ainda não foi, mas está tudo pronto para isso", disse, esta semana, Pitta Gróz, no final de um encontro com uma delegação do Tribunal Administrativo da SADC, em Luanda.

A juíza que dirigia o TC renunciou ao cargo em Março do ano passado, dois meses depois de ser convidada a sair pelo Presidente da República, João Lourenço, devido à instabilidade que o caso estava a causar na justiça angolana e também por perda de confiança na magistrada. Exalgina Gambôa e o seu filho, Hailé da Cruz, foram constituídos arguidos, em Fevereiro de 2023, por crimes de extorsão e corrupção, num processo aberto pela PGR em reacção a denúncias públicas de que a ex-juíza foi alvo.

De acordo com o Maka Angola, que noticiou em primeira mão o caso, Exalgina Gambôa e o filho exigiam percentagens em negócios, através de alegados actos de chantagem para aprovação de contratos ministeriais submetidos à fiscalização preventiva do Tribunal de Contas.

Numa destas ocasiões, Exalgina Gambôa chamou o ministro dos Petróleos e Recursos Minerais, Diamantino de Azevedo, para solicitar que fosse incorporada na estrutura de accionistas da Refinaria de Lobito, com 1% das acções, argumentando que João Lourenço já havia autorizado tal acção. No entanto, Diamantino teria procurado o Presidente da República em busca de esclarecimentos sobre o pedido da Juíza.

Por sua vez, o herdeiro da ex-juíza ter-se-ia se aproximado do ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, solicitando a concessão do contrato milionário de construção das linhas de transmissão de alta tensão do programa de eletrificação nacional.

Recorde-se que, recentemente, o Ministério das Finanças pediu à arguida que devolvesse a casa de função num condomínio luxuoso e o automóvel topo de gama, de marca Jaguar, que lhe tinham sido atribuídos.