Vendas de carros novos dispararam 47% para 6.982 no ano passado
Nos últimos oito anos foram vendidos menos carros do que em todo o ano de 2014, aquele que foi o melhor exercício do sector. Há três anos que a venda de carros novos dos parceiros da ACETRO tem estado a crescer, mas números deverão ser superiores, já que não contabilizadas marcas como a chinesa Jetour.
Apesar da desvalorização do kwanza verificada no ano passado, as vendas de carros novos cresceram 47% para 6.982 face ao ano de 2022 em que foram vendidas 4.742 unidades de diversas categorias, ou seja, mais 2.240 veículos automóveis, de acordo com acordo com os dados da Associação dos Concessionários de Equipamentos de Transporte Rodoviário e Outros (ACETRO), compilados pelo Expansão.
Ainda assim, os números verificados estão muito longe das vendas de 2014, quando a ACETRO vendeu mais de 44 mil viaturas. Embora tenha sido o ano do início da crise em Angola, o verdadeiro impacto só foi sentido em 2015, quando os dados registados apontaram que naquele ano apenas foram vendidos 20.584 carros novos. Contas feitas, nos últimos oito anos foram vendidos menos carros do que em todo o ano de 2014.
O maior volume de venda verificou-se em Maio com 1.115 carros vendidos, precisamente primeiro alarme de desvalorização da moeda nacional. Isto porque com preocupação de que o kwanza estava a depreciar mais depressa fez com que as empresas e as famílias comprassem logo naquele período para não comprarem os carros mais caros posteriormente, já que a moeda estava a desvalorizar de forma abrupta.
Assim, o primeiro semestre foi o período que registou maior volume de vendas, já que no II trimestre a venda reduziu. "No primeiro semestre de 2023 foram vendidas 59% das vendas do total do ano, sendo que o pico de vendas foi em Maio", disse Nuno Borges, presidente da ACETRO. Só para se ter uma ideia, entre e Junho, foram vendidos 4.0972 unidades de diversas categorias, representando 59% do total de vendas do ano. Já no segundo semestre, só foram comercializadas 2.885 viaturas.
"O que poderemos inferir destes dados é que a desvalorização da moeda nacional provocou um aumento pontual da procura motivado pela aplicação de liquidez disponível em bens materiais protegendo-se de futuras desvalorizações", disse o Nuno Borges.
Se em 2023 mesmo a desvalorização cambial registou-se um aumento do mercado automóvel em Angola, as perspectivas para 2024 não são muito optimistas.
Nuno Borges garante que "as perspectivas para 2024 não são optimistas. Não se prevê que os factores macro-económicos com impacto na procura se alterem positivamente em relação a 2023. Contudo, prevemos um crescimento nas vendas em cerca de 8 a 10%", refere Nuno Borges.
Em 2014, a comercialização de viaturas novas atingiu máximos históricos com um registo de 44.536 unidades vendidas em todo o País, (ver gráfico).
Comparando com 2014, considerado pela ACETRO como o melhor ano da história de vendas de automóveis novos em Angola, nos últimos 10 anos o mercado registou um tombo de 84,3%.
A tendência de queda manteve-se até final de 2020, mas a recuperação de 2023, segundo especialistas, é o maior desempenho dos últimos sete anos, ou seja, é preciso recuar a 2016 para encontrar um valor mais alto em termos de vendas anuais de veículos, depois de um longo ciclo de recessão do mercado automóvel. Embora a economia angola tenha saído do ciclo de recensões, a crise económica e a desvalorização cambial ainda continuam a pesar no mercado automóvel. As dificuldades também continuam a ser a obtenção de divisas para pagar aos fornecedores no exterior.
Contas do Expansão, com base no relatório da ACETRO, referentes às vendas de 2023, revelam que 7 das 21 concessionárias, que representam 36 marcas, não venderam qualquer unidade. A explicação, de acordo com os associados, prende-se com as dificuldades das empresas e a falta de liquidez na economia o que se traduziu num recuo considerável na procura de carros novos.
Vendas de carros chineses aumentam
A venda de carros novos chineses em Angola, pelas concessionárias, ou seja, representantes oficiais das marcas chinesas, quase que duplicou nos últimos dois anos, saindo dos 336 veículos vendidos em 2022, para os 669 em Dezembro do ano passado, indicam os dados da ACETRO.
De acordo com as contas do Expansão, com base nos dados da ACETRO, só em 2023, a Drive Angola comercializou 394 viaturas da marca Chery, representando 5,6% de todas as viaturas novas vendidas em no ano passado, enquanto a Kinlai, representante oficial da Dong Feng, comercializou 275 unidades desta marca, o equivalente a quase 4% do valor global comercializado, no ano passado. No geral, as vendas de carros chineses das duas concessionárias já valem uma quota de mercado automóvel de 10%. Esta subida nas vendas de viaturas chinesas, sobretudo as marcas Chery e DongFeng, segundo as contas do Expansão, representadas em Angola pela Drive Angola e Kinlai, representa um aumento, na comercialização de viaturas de origem da China, de 99,1%.
Leia o artigo integral na edição 759 do Expansão, de sexta-feira, dia 19 de Janeiro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)