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Gestão

Mentirinhas piedosas

CAPITAL HUMANO

Os candidatos a vagas de emprego esquecem-se que os recrutadores, por norma, estudaram (entre muitas disciplinas) psicologia e que podem ter aprimorado as suas capacidades de análise comportamental com vários cursos de capacitação, então, são mais especialistas em analisar perfis do que o candidato é em mentira.

Quando eu minto, fico com lábios secos, suo frio, evito contacto visual, os meus dedos tremem, diminuo a gesticulação olhando para a cima e direita. É uma sensação de impotência vergonhosa. O dia das mentiras, comemorado na semana passada, lembra-nos de quanta baboseira o recrutador tem de ouvir dos candidatos a vagas de emprego.

Os candidatos a vagas de emprego esquecem-se que recrutadores, por norma, estudaram (entre muitas disciplinas) psicologia e que podem ter aprimorado as suas capacidades de análise comportamental com vários cursos de capacitação, então, são mais especialistas em analisar perfis do que o candidato é em mentira.

Em milhares de situações um pouco por todo o mundo, as discrepâncias entre o currículo e a entrevista são abismais e, quando o recrutador percebe algum trecho de dúvidas ou uma clarividência da mentira, o candidato já está eliminado. Ainda que não seja informado, está eliminado com sucesso!

Em RH, conseguimos listar os tipos de mentira que mais se vêem no CV e que rapidamente são descobertos na entrevista, ei-los abaixo:

Habilidades informáticas: Esta é a "mentira de praxe" já que as pessoas colocam no CV que têm domínio do Microsoft Office ou de algum aplicativo mais usado nas empresas angolanas por exemplo o Primavera, o SAP, o SIGFE ou outros, com o intuito de atrair mais recrutadores, acabam por ser apanhados na primeira ou segunda entrevista, pois não conseguiram defender actividades que supostamente realizaram nesses instrumentos informáticos.

Datas de saídas e entradas de empresa: O candidato quer sempre fazer boa figura na entrevista, então, entende que não deve colocar no seu currículo que ficou algum tempo desempregado ou que mudou de empregos a cada 4/5 meses, pois pode parecer irresponsabilidade ou descomprometimento. Então, para amenizar as várias passagens empresariais ou o seu desemprego, prefere mentir. Não precisa disso, a franqueza ainda é bem-vinda. Em vez de mentir, prefira colocar no CV apenas as passagens que estão correlacionadas com a vaga que procura e que, quanto ao desemprego, diga que tirou um tempo para si ou que esteve a fazer uma formação, ou que esteve em busca de uma oportunidade que o motivasse. De alguma forma, isto é verdade e não vai suar frio ou secar os lábios.

Mentir sobre hobbies: O que gosta de fazer nos tempos livres? É complicado dizer que gosta de beber álcool até cair, festas todos os finais-de-semana, namorar várias pessoas ao mesmo tempo, ir ao casino, etc., sim, de facto, dizer que gosta de ler livros, viajar, ou fazer cursos é mais "bonito", mas e o que dizem as suas redes sociais? É preciso saber ser coerente, usar as palavras certas para não assustar o recrutador, mas fazê- -lo entender que é um candidato com gostos pessoais, normalize os seus hobbies.

Tarefas realizadas: Aparecem pessoas que não conhecem sequer o currículo que escreveram e enviaram. É preciso que o candidato estude cada item escrito e saiba defender cada actividade que supostamente realizou. Já que pretende mentir, que pelo menos faça o trabalho-de-casa e conheça bem o seu currículo, pois outra das grandes mentiras é que o CV pode nem ter sido feito pelo candidato.

(Leia o artigo integral na edição 669 do Expansão, de sexta-feira, dia 8 de Abril de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)