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Angola

João Lourenço e Lula da Silva encerram Fórum Económico Angola-Brasil

EVENTO DECORRE EM LUANDA, VISITA OFICIAL TERMINA AMANHÃ, SÁBADO

Em cima da mesa vai estar ainda um novo modelo de parceria entre os dois países, agora com o envolvimento de entidades privadas angolanas e brasileiras e o próprio Estado, como está previsto para o Vale do Cunene.

A realização de um Fórum Económico Angola-Brasil, em Luanda, é o principal evento na agenda de Lula da Silva, Presidente do Brasil, na sua visita oficial a Angola. Os dois presidentes vão encerrar o fórum, que acontece durante o dia de hoje, em Luanda, com João Lourenço a aproveitar a ocasião para tentar mobilizar investimento brasileiro para o País. É a primeira visita bilateral a um país africano desde a reeleição de Lula.

O fórum económico deve contar com a participação de 500 pessoas, oriundas de diversas instituições públicas e privadas dos dois países. De acordo com as fontes consultadas pelo Expansão, a maioria dos participantes pretende abrir um novo mercado em Angola, mais do que investir directamente no País.

Também serão realizados vários painéis de debate, onde vão estar presentes, por exemplo, as agências promotoras do investimento privado nos dois países (AIPEX, de Angola, e APEXBrasil), representantes da ANPG - Agência Nacional de Petróleo e Gás de Angola e da Petrobras (congénere brasileira da Sonangol), da EMBRAPA (Brasil) e da Associação Agropecuária de Angola (AAPA), entre outros convidados.

Outro dos pontos altos do evento será a assinatura do plano de acção do Programa do Vale do Cunene, uma parceria entre os dois países que visa replicar o plano de desenvolvimento no Vale do São Francisco, no Brasil, que transformou uma zona árida ou semi-árida (como o Cunene) numa zona de forte produção agrícola.

Este tipo de parcerias, com o envolvimento de entidades públicas dos dois países, vão ser intensificadas nos próximos anos.

O formato utilizado entre 2000 e 2016, quando foram disponibilizadas pelo Brasil linhas de crédito no valor de 4 mil milhões USD (via BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social), vai ser reformulado como consequência da operação Lava Jato, dos casos de corrupção e do seu impacto em empresas como Odebrecht, Camargo Corrêa, entre outras entidades de origem brasileira a operar em Angola.

Segundo uma fonte do sector financeiro, que trabalhou directamente com o BNDES, o Brasil pretende financiar Angola, mas agora "com um novo modelo, afastado do financiamento directo" e com a constituição de parcerias público-privadas e "sociedades que envolvam empresas brasileiras, empresas angolanas e o próprio Estado".

"No fundo, o Brasil tem o objectivo de promover a indústria brasileira e financiar estas exportações para países como Angola", explica a fonte do Expansão. Para além da indústria militar, onde está na forja o desenvolvimento de novas iniciativas, também a indústria mineira está na mira do Brasil, sobretudo ao nível do fornecimento de equipamentos financiado pelo BNDES.

Outra novidade será o descerramento de uma placa alusiva à inauguração da Câmara de Comércio Angola-Brasil (CCAB), uma nova entidade, que pretende actuar no fomento das relações económicas entre os dois países.

Actualmente, de acordo com a Embaixada do Brasil em Angola, vivem cerca de 27.000 brasileiros no País, a maior comunidade daquele país no continente africano, enquanto no Brasil estão registados cerca de 20 mil angolanos.

Ao nível das trocas comerciais, em 2022, Angola exportou 574 milhões USD para o Brasil (essencialmente petróleo) e importou 715 milhões USD daquele país (com os alimentos a liderar o ranking). No ano passado, a balança comercial foi negativa para Angola em 142 milhões USD.

A dívida de Angola com o Brasil, que em 2018 rondava os 820 milhões USD, foi praticamente toda paga em 2019 (restam apenas 600 mil USD), um movimento que parece ter sido impulsionado pela Lava Jato e pela subida ao poder do ex-Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que manifestou publicamente a sua aversão às linhas de crédito país-a-país impulsionadas pelo BNDES e pelo dinheiro público brasileiro.

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