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Opinião

1 teleférico e duas luandas

Editorial

Esta semana foram anunciadas duas medidas estruturantes para a cidade de Luanda, uma nova divisão administrativa e um teleférico sobre a cidade que vai ligar o Bungo ao Catambor. Ambas vão custar milhões aos cofres do Estado, mas certamente que se tratam de prioridades para melhorar a vida dos luandenses.

Aliás, se perguntassem aos habitantes da capital quais eram as prioridades que eles elegiam para Luanda, tenho a certeza que a maioria ia mesmo responder "uma nova divisão administrativa e um teleférico". Por isso não venham agora falar em desperdício de fundos que são necessários para combater outros males e debilidades que assistimos todos os dias na cidade, da pobreza, da falta de emprego ou da marginalidade, pois isso é falta de visão de futuro.

Fico orgulhoso que finalmente se assuma esta coisa da Luanda (1) e da Luanda (2), embora não tenha percebido bem qual vai ser a minha Luanda, como também acho o máximo que mesmo que não se consiga acabar com os musseques no centro da cidade, pelo menos possamos vê-los de cima. Se é difícil circular nessas zonas, passa-se por cima. Claro que sim, duas luandas e um teleférico.

Que, diga-se, foram apresentados com pompa e circunstância. A primeira medida teve direito a mais de meia hora no principal jornal televisivo, com discussões, peço desculpa, um rol de elogios, em muitos programas dos canais televisivos estatais. Depois da outra divisão administrativa, a do País, temos assim mais assunto, tempo e motivo para ir adiando as eleições autárquicas, pois, como devem calcular, é necessário primeiro organizar o País e a capital, para que estas, as autarquias, possam funcionar convenientemente. Está tudo certo, na mais brilhante visão de futuro.

Já relativamente ao teleférico, há um vídeo posto a circular freneticamente nas redes sociais e plataformas digitais, onde se sentem todas as vantagens deste meio de transporte. Não percebi se o projecto do metro se mantém, ou se agora o problema da mobilidade vai ser definitivamente agarrado de cima para baixo. O Rio de Janeiro também tem um, o parque das Nações em Lisboa também e nós vamos agora ter o nosso. Não somos menos, nem menos desenvolvidos.

E é isto. Num País que tem uma taxa de desemprego e uma taxa de inflação das mais altas do mundo, que tem problemas graves de captação de investimento bom, de ambiente de negócios, de aumento da actividade económica, de pobreza, de assistência médica e de educação, avança então para uma nova divisão administrativa e um teleférico. Tenho pouco mais a acrescentar...

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