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Opinião

Odes à dinâmica comercial: Angola e os Estados Unidos (1975-2025)

CONVIDADO

A narrativa das relações comerciais entre Angola e os Estados Unidos é um microcosmo das dinâmicas do mercado global, um testemunho da efemeridade da riqueza baseada em recursos naturais.

Na urdidura das relações comerciais que tecem o vínculo entre Angola e os Estados Unidos da América, ergue-se um palímpsesto de cifras, aspirações e interdependências, transcendendo a frieza da aritmética comercial para revelar a dualidade entre fragilidade e resiliência económica. Este retrato de cinco décadas é um testemunho da efemeridade da prosperidade e do constante imperativo de reinvenção. A análise criteriosa desta balança revela que a desigualdade estrutural encontra o seu alicerce na preeminência de bens manufacturados de elevado valor agregado entre as importações angolanas, em nítido contraste com as exportações do país africano, confinadas maioritariamente à exportação de recursos naturais de valor unitário exíguo.

A dependência de Angola no ouro negro como primícia das suas exportações configura-se como uma espada de dois gumes, que perfura as vulnerabilidades intrínsecas da sua economia. As flutuações implacáveis do mercado global de commodities conspiram para desestabilizar os equilíbrios económicos, conferindo à balança comercial uma instabilidade que alterna entre a efusão da abundância e o abismo da escassez.

Em contrapartida, os Estados Unidos são os fornecedores de uma ampla gama de bens manufaturados, principalmente máquinas e equipamentos industriais, reafirmando não apenas a hegemonia tecnológica das suas corporações, mas também a sua presença determinante no mercado angolano. Este fluxo comercial, embora desequilibrado, aponta para possibilidades de transformação e diversificação.

O crescer da penumbra: 1975-2000

Entre os alvores da independência angolana e o limiar do novo milénio, as relações comerciais entre Angola e os Estados Unidos eram tímidas como um fio d"água atravessando o deserto do Namibe. A guerra civil, implacável como uma praga de gafanhotos, devastava o cenário económico do país, perpetuando um estado de anárquica subsistência.

Os volumes comerciais permaneciam anémicos, com exportações que raramente alcançavam três dígitos em milhões de dólares americanos. Este equilíbrio tacanho não refletia estabilidade, mas sim a estagnação de uma economia incapaz de se projetar além das suas fronteiras. A infraestrutura, rudimentar e insuficiente, não podia suportar um fluxo comercial significativo, enquanto a balança comercial era um espelho de desafios estruturais profundos.

Leia o artigo integral na edição 803 do Expansão, de sexta-feira, dia 22 de Novembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui.

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