BAI anuncia venda de 5% das acções próprias na Bolsa de Dívida e Valores de Angola
O anúncio acontece numa altura que o preço das acções do banco oscilam já há mais de duas semanas entre 54.000 Kz e 56.000 Kz. Elevada procura e fraca oferta está na base da valorização das acções do BAI.
O Banco Angolano de Investimentos (BAI) anunciou a venda na Bodiva de 972.500 acções próprias, equivalentes a 5% do capital social da instituição bancária e que estarão disponíveis na bolsa no período de 24 de Outubro a 30 de Dezembro de 2022. Relativamente ao preço, o Expansão apurou que será anunciado em vésperas da operação de venda. Mas alguns especialistas esclarecem que o banco deverá aguardar e que o preço final deverá estar dentro do intervalo de 20% do último preço de negociação antes de a operação arrancar, obedecendo às regras do mercado.
Na quarta-feira, as acções do BAI fecharam a sessão de negociação em bolsa a valer 54.000 Kz curiosamente menos 1.000 Kz que o valor alcançado a 30 de Setembro. De lá para cá até subiram para 56.000 Kz mas tendem a regressar para o valor actual. Em termos práticos, as acções do banco já valorizaram 161,6% desde a sua admissão em bolsa a 9 de Junho de 2022. Mas após três meses a subir estão a observar a primeira barreira de preço. E o preço das acções do BAI estagnaram no intervalo de preço acima referido pelo menos nas últimas semanas.
À taxa de câmbio média desta quarta-feira, uma acção do BAI na Bodiva vale o equivalente em Kz a 122,8 USD, muito mais que de bancos muito maiores como o britânico Lloyds que fechou a sessão desta quarta-feira na bolsa de Londres a valer 41,50 libras esterlinas, equivalentes a 45,6 USD. "A venda em breve de mais acções deverá contribuir para resolver a situação", revela Steven Santos, trader e director da Sala de mercados e plataformas de negociação do Banco BiG, que actua em Portugal, Espanha e Moçambique.
Para o especialista, na origem desta excessiva valorização das acções do BAI [161,6% em 4 meses] está o desequilíbrio entre a oferta e a procura, existindo muito mais compradores que acções disponíveis". E isso verifica-se no facto de as transacções concluídas que estão a "marcar" o preço passarem pela venda de, por vezes, um pequeno número acções, o que é até inédito nos mercados lá fora.
Steven Santos justifica que estamos diante de dois factores: " a procura pelas acções que excede a oferta que faz o preço disparar e a reduzida quantidade de acções em circulação que está a gerar um problema de liquidez e não de manipulação de mercado". O especialista esclarece que existe um número muito baixo de acções em circulação e como a procura pelas acções é maior que a oferta as pessoas estavam disponíveis a pagar qualquer preço no início para se tornarem accionistas do banco. Facto que justifica as quantidades reduzidas de acções do BAI que são vendidas normalmente a preços elevados.
Entretanto, esta situação normalmente leva a um problema de liquidez o que resulta na estagnação do preço das acções do BAI na última semana. De acordo com o trader com experiência na negociação e colocação de acções em mercados internacionais, os subscritores em mercado primário poderão não ter necessidade de liquidez e acreditam no potencial da acção, não vendendo as mesmas, o que impede novos investidores de obter exposição ao banco.
(Leia o artigo integral na edição 696 do Expansão, de sexta-feira, dia 14 de Outubro de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)