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Opinião

Ex-BESA

EDITORIAL

A idoneidade, o carácter, a isenção e os valores das pessoas que vão conduzir o processo serão fundamentais. Alguém, e já existem muito poucos, que não seja flexível a pressões, venham elas de onde vierem.

Embora ainda sem anúncio oficial, parece que está por dias a apresentação de uma solução para o Banco Económico, ex- -BESA. Para os depositantes, as notícias são boas. A liquidação não está em cima da mesa e o BNA vai avançar para uma solução similar ao que aconteceu em Portugal com o BES: um "banco bom" e um "banco mau". De um lado, os activos tóxicos, do outro os activos que podem fazer funcionar a instituição. As más notícias é que isto vai custar mais dinheiro aos angolanos, uma vez que grande parte do dinheiro que será necessário para implantar a solução, leia-se, pôr o "banco bom" a funcionar, vai sair dos cofres do Estado.

O Expansão sabe que já existe mesmo um primeiro valor para o esforço financeiro necessário avançado pelo banco central, que obviamente vai merecer discussão e negociação com quem toma conta do dinheiro dos nossos impostos, neste caso o Ministério das Finanças. Em Portugal, o "banco bom" do ex-BES já custou 8 mil milhões de euros aos portugueses. Como existe esta coisa de falarmos sempre de milhões, de olhar para o dinheiro do Estado como se fosse elástico, de ter prazer em gastar porque achamos que isso é sinónimo de poder, tenho muito receio daquilo que poderá custar esta solução.

Depois existem factos objectivos que esta solução não pode branquear - quem foram os responsáveis e quem foram os beneficiados. Em Portugal prenderam-se pessoas e fizeram-se processos judiciais. Por cá mantém-se o silêncio à volta desta questão e dá a impressão que o dinheiro apenas se evaporou, ninguém sabe bem como é que não há responsáveis. Também tenho muito receio que esta solução seja a porta para impunidade, para que fique mesmo assim. Ou seja, quem tiver vergonha na cara chega-se à frente e paga, quem não tiver continua mesmo assim, a exibir os seus sinais de riqueza na capital, e em vários casos, a continuar a trabalhar com o Estado sem que lhe aconteça nada.

Também há acertos que devem ser feitos antes desta separação para que não haja promiscuidade. Há casos de depositantes que também são beneficiários dos créditos e das negociatas do banco, que não pagaram ou possibilitaram que o tal dinheiro evaporasse, e é necessário que se façam os devidos acertos. Alguns destes, em conversas informais, garantem mesmo que vão acabar por receber o dinheiro que tinham depositado sem ter que pagar as dívidas que estão em aberto.

A finalizar, acrescentar que a idoneidade, o carácter, a isenção e os valores das pessoas que vão conduzir o processo serão fundamentais. Alguém, e já existem muito poucos, que não seja flexível a pressões, venham elas de onde vierem. Que tenha coragem de abrir a caixa de Pandora, se for necessário...

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