Operadores cépticos quanto ao cumprimento das metas traçadas até 2035
A Estratégia Nacional de Electromobilidade prevê um parque automóvel com 1,5 milhões de viaturas eléctricas no País nos próximos onze anos. Face ao momento actual da economia do País, aliado ao baixo poder de compra da população, analistas duvidam do alcance dos objectivos traçados para a electromobilidade no País.
A Estratégia Nacional para a Electromobilidade, que define a orientação sobre a introdução, regularização, massificação e gestão do sistema de electromobilidade, aponta que até 2035 o País terá pelo menos 1,5 milhões de veículos eléctricos, para os quais serão construídas diferentes infraestruturas como pontos de carregamento, metas que especialistas dizem ser inviáveis nas actuais condições do País. Publicado recentemente em Diário da República, o diploma legitima os compromissos internacionais de Angola no campo da implementação da electromobilidade com vista à redução de gases de efeito de estufa e salvaguarda do meio ambiente, sobretudo em centros urbanos.
A fase piloto do programa, que corresponde ao período entre 2023 e 2030, visa criar um quadro legal e regulamentar para a electromobilidade, definir a rede de postos de carregamento de veículos eléctricos a nível nacional, adoptar incentivos fiscais e aduaneiros atractivos e promover o uso de veículos eléctricos nos sistemas de transportes públicos.
A implantação de postos de carregamento ao longo das vias primárias ou de pontos estratégicos dos municípios seleccionados para a fase-piloto, a uma distância que garanta a autonomia da deslocação dos veículos eléctricos, é outra das metas do projecto, cuja autorização legislativa para a definição do regime aplicável à regulação de preços e sobre o regime jurídico foi aprovado há dias na Assembleia Nacional.
A estratégia prevê ainda a criação da Entidade Gestora do Sistema da Electromobilidade, mas enquanto não se criar a tal estrutura, o sistema vai ser gerido por uma unidade de negócios da entidade responsável pela comercialização da energia do País, ou seja, o Ministério da Energia e Águas.
Dúvidas
O presidente da Associação dos Concessionários de Equipamentos de Transporte Rodoviário (ACETRO) entende que em termos de estratégia está tudo muito bem elaborado, mas na prática trata-se de um processo complexo e bastante moroso, que vai levar muito tempo.
Nuno Borges mostra-se céptico e duvida que até 2035 o País possa atingir as metas traçadas na Estratégia, que visa dotar o País de infraestruturas como pontos de carregamento espalhados pelas principais cidades do País e ter um mercado com mais um milhão de veículos eléctricos. "Tenho inúmeras dúvidas porque temos muitas prioridades, eu acho que vamos conseguir, talvez ter em alguns municípios de maior população, algumas infraestruturas e depois evoluir para outras localidades, agora ter mais de um milhão de veículos a circular pelo País neste período de tempo é uma utopia", atira.
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