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Opinião

As despesas inexplicáveis

EDITORIAL

E a culpa de não haver dinheiro é de quem? Obviamente do preço de barril do petróleo que caiu, da produção que baixou, das receitas que diminuíram, blá, blá, blá....Esta é possivelmente a maior encenação que todos ajudámos a montar, esticar o dedo acusador para as vendas de petróleo sempre que há problemas de liquidez nas contas públicas.

O País, leia-se a Conta Única do Tesouro, está sem dinheiro como explica o Expansão nesta edição, o que levou inclusive à emissão de títulos de dívida de curto prazo a uma taxa de remuneração perfeitamente acima de tudo aquilo que é racionalmente aconselhável, para poder pagar os ordenados da função pública. Os bancos escolhidos agradecem, claro, o cidadão comum não teve acesso a este "pote de ouro".

E a culpa de não haver dinheiro é de quem? Obviamente do preço de barril do petróleo que caiu, da produção que baixou, das receitas que diminuíram, blá, blá, blá....Esta é possivelmente a maior encenação que todos ajudámos a montar, esticar o dedo acusador para as vendas de petróleo sempre que há problemas de liquidez nas contas públicas.

Mas o grande problema do nosso equilíbrio financeiro, está do outro lado, das despesas. Das frotas de automóveis que compramos compulsivamente, dos imensos subsídios que todos os anos acrescentamos aos titulares de cargos públicos, dos ordenados faraónicos de algumas empresas e instituições públicas, aos milhares de consultores que importamos sem saber bem para quê, à compra recorrente de equipamentos e serviços com contratos sobrevalorizados, às centenas de viagens em executiva ou primeira classe que pagamos aos familiares e amigos dos titulares de cargos públicos, à falta de rigor e transparência em muitas empreitadas, a este desejo de comprar, comprar, comprar sempre mais e mais caro. Demasiadas migalhas que no final fazem um bolo demasiado grande para ser engolido sem consequências.

O problema está na falta de racionalidade com que se gerem os recursos disponíveis, veja-se que o OGE cresce todos os anos, mesmo quando PIB cai, esta impunidade de alimentar todos os dias um grupo de ricos à custa da riqueza que é de todos. E esta onda de despesismo "parece" que está sempre a crescer, que ninguém se preocupa em montar um equilíbrio financeiro das contas nacionais de acordo com aquilo que é a nossa realidade. E apesar de sermos um dos países da região que mais receitas gera, continuamos a acumular dívidas para as gerações futuras pagarem.

Resumindo, o problema do País não são as receitas, são as despesas. A forma como gastamos o dinheiro. E enquanto não assumirmos isso na definição das posturas governativas vamos ter sempre problemas porque o dinheiro nunca chega, dificilmente teremos desenvolvimento e nunca haverá justiça social. Por isso deixemos de apontar o dedo ao petróleo, que é uma bênção e não um castigo, e vamos centrar a nossa atenção em quem está a gastar mais do que deve. E pode...

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