Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Opinião

Procura-se "Estado Empreendedor"!

Milagre ou Miragem?

Desde 2016 que Angola enfrenta uma crise de crescimento económico grave, que agora se associa a uma outra sanitária. Por experiência, sabemos que em tempos de crise o que as organizações de sucesso fazem é recrutar gestores reformistas para que elas possam aspirar um crescimento preferencialmente orgânico.

Para o caso de Angola, foi isso que o processo eleitoral de Agosto de 2017 produziu, um novo Chefe do Executivo e um novo líder no partido que sustenta o governo. Fruto dessa mudança Angola regista hoje melhorias no ambiente político mas, precisa melhorar a transparência da dívida pública conforme assinalou recentemente o presidente do Banco Mundial.

A qualidade da despesa pública em Angola deixa muito a desejar, conforme ilustramos no nosso último texto. Ainda não vimos uma aplicação cabal da Lei dos Contratos Públicos (Lei nº 9/16, de 16 de Junho) que poderia dinamizar a produção nacional e alavancar micro, pequenas e médias empresas certificadas pelo INAPEM, criando mais oportunidades de emprego no sector formal da economia. A lei está a ser revista mas o mais difícil mesmo vai ser mudar a apetência que as entidades contratantes têm por procedimentos mais restritivos (com maior ênfase na contratação simplificada). Situação que a actual crise apenas veio agravar. Alguém sabe dizer quanto é que o Executivo já gastou nessa crise (incluindo material de biossegurança, ventiladores mecânicos) e quantos empregos foram criados em Angola? Contrariamente ao que acontece em alguns países africanos, em Angola a contratação pública ainda não é motor da tão desejada substituição das importações.

Angola precisa mobilizar recursos financeiros necessários para a retoma do crescimento económico. Num contexto em que o seu principal produto de exportação, o petróleo, está em crise nos mercados internacionais e nota-se, por parte de investidores estrangeiros, um reduzido apetite pelos mercados emergentes e em desenvolvimento (até Junho retiraram dessas regiões cerca de 103 mil milhões USD), está claro que o IDE não virá em quantidade e qualidade desejadas. Resta ao Executivo mobilizar os recursos internos. Ora bem, 21 bancos comerciais em Angola são controlados por angolanos ligados ao MPLA, 5 por estrangeiros mas que em 4 deles verificamos a participação de entidades nacionais. Significa que os angolanos têm influência em 25 bancos. Todavia, o crédito à economia tem estado a beneficiar mais o sector do comércio. Em 2019 atingiu a cifra de Kz 1.086.435 milhões, ao invés do sector produtivo, agricultura (Kz 255.871 milhões) e indústria transformadora (Kz 396.216 milhões).

*Docente e investigador da UAN

(Leia o artigo integral na edição 587 do Expansão, de sexta-feira, dia 14 de Agosto de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo