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"Existem maneiras de fazer um mercado de arte que dê para todos"

TIAGO MENA ABRANTES | ARTISTA

Estreou-se no mercado nacional através de uma exposição colectiva. O artista emergente em Angola defende mais acesso à cultura e à educação cultural, bem como mais espaços culturais. E, destaca a importância de se produzir arte a preços acessíveis.

Tem algumas obras na exposição colectiva Forward Art Stories (FAS). É a sua primeira participação numa exposição colectiva?

Em Angola, sim. Quer dizer, quando era adolescente, participei num Luanda Cartoon, no Centro Cultural Camões, mas isso já foi há muito tempo. Por isso, sim, como artista profissional é a primeira participação.

Então já há essa paixão pelas artes há muitos anos?

Sim, desde criança, eu sempre desenhei muito, lia muita banda desenhada, assistia filmes relacionados com as artes e também cresci no meio do teatro e das artes no Elinga Teatro. Ou seja, sempre estive exposto, sempre participei da minha maneira no mundo das artes.

Como surge o convite para participar na FAS?

Foi através da Jameke, que é uma galeria, que já tínhamos tido algum contacto e demonstrado, acho que, pelo menos da minha parte, um interesse em trabalhar, colaborar em alguma coisa. Esta é a primeira participação com a Jameke.

Quantas obras tem na exposição?

Tenho na exposição uma série de quatro obras, e tenho vários desenhos, é mais de estilo processo, é um bocado o processo que leva a peça maior.

Em Angola é a sua primeira participação. E fora do País?

Já participei em algumas exposições colectivas fora do País, porque eu estudei no exterior, então, no âmbito da universidade, participei em algumas exposições e também fiz uma residência artística o ano passado, que também culminou numa exposição, ou num open studio.

Depois dessa sua participação numa exposição colectiva, já começa a preparar uma exposição individual?

Vamos ver o que acontece. Sem dúvida está nos planos, mas não sei bem ainda para quando, teria de produzir.

Qual é a sua base artística?

A base do meu trabalho é o desenho, faço muito desenho, e a partir do desenho isso pode evoluir para diferentes processos, por exemplo, pintura, técnicas de impressão, gravura, que tenho na exposição e também fotografia, fotografo muito diariamente, mas a fotografia e o desenho eu diria que são as minhas bases, e a partir daí vou experimentando com audiovisual, com coisas mais plásticas, instalação, vídeo e som também.

Pretende fazer da arte a sua fonte de rendimento, ou apenas um complemento?

Estou a tentar que seja mesmo a minha carreira. Trabalho também como designer gráfico e ilustrador, então não deixa de estar no meio dessa expressão.

Como avalia o mercado nacional das artes?

Acabei de chegar a Angola, faz agora dois anos desde que voltei, então ainda estou a tentar perceber a dinâmica do mercado. Contundo, diria que não é um mercado muito sustentável em Angola, acho que é uma área muito difícil, e em qualquer parte do mundo, ser um artista que vive só da arte, do próprio trabalho, é um privilégio. É muito difícil a pessoa viver só de vender os seus trabalhos. A não ser que haja uma rede de apoio muito forte, mas é uma área muito complicada. Viver só disso é difícil. Especialmente aqui, porque faltam recursos, faltam apoios, e estrutura geral, mas em qualquer outro sítio é complicado.

Tem um atelier onde prepara as suas obras?

No momento, mas estou a tentar conseguir um espaço, até porque quero produzir em escala. De momento, produzo em casa.

Acompanha o trabalho de outros artistas, sobretudo nacionais? O que acha?

Sim, sem dúvida. Há muita coisa interessante, e cada vez mais sinto que os artistas estão a se organizar e a tentar criar mais um diálogo entre eles, e talvez digamos uma comunidade mais fortalecida. Sinto isso especialmente nos mais jovens, mas sinto que há mais pessoas a fazer colectivos, há mais pessoas a conversar entre si, a colaborar e a ajudar. Acho que isso é muito importante. Penso que os artistas têm de existir uns com os outros, não sozinhos.

Porque sozinho não há crescimento?

Acho que aqui ainda não há a comunicação que podia haver, o nível de colaboração que podia haver, mas acho que está a começar. O sector está a fazer caminhos interessantes.

Quando decidiu estudar artes olhou para o mercado nacional?

Estudei arte porque não sabia fazer outra coisa, então não pensei muito. Se calhar devia ter pensado mais na saída, mas no momento não pensei muito. Mas não me arrependo, estou feliz com o que estudei, estou feliz de trabalhar nessa área, apesar das dificuldades. Acho que também tenho uma boa rede de apoio, então vou conseguir.

De que dificuldade faz referência?

Em manter uma estabilidade. Falo de estabilidade financeira, estabilidade de trabalho, de consistência. Pode haver um dia em que vendes uma obra e ganhas um bom valor, consegues viver disso uns meses, mas depois ficas seis meses sem vender nada, ou sem conseguir trabalho, e isso não é muito estável. Não cria estabilidade.

Leia o artigo integral na edição 813 do Expansão, de sexta-feira, dia 14 de Fevereiro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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